Novas reivindicações

Impasse entre Parente e petroleiros

Trabalhadores devem paralisar por 72 horas a partida desta quarta-feira e Petrobras pede ilegalidade do ato

Com o fim da paralisação dos caminhoneiros ainda em fase de articulação, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) se movimenta para parar as atividades por até 72 horas a partir desta quarta-feira (30). O governo Federal, através da Advocacia Geral da União (AGU), e a Petrobras entraram com ação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) pedindo que o ato seja considerado ilegal. 

A justificativa dos petroleiros para a paralisação é a contrariedade à política de reajuste nos preços dos combustíveis adotadas pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, também um dos alvos dos trabalhadores, que pedem a sua demissão. Parente está à frente da estatal desde maio de 2016 e conta com a blindagem de Temer. 

Segundo informações da Agência Brasil, em uma teleconferência com analistas e investidores nesta terça-feira, Parente, confirmou que a política de preços da companhia será mantida e acrescentou que o governo federal entende a relevância de manter a equação econômica dessa política, adotada desde o ano passado.

Em entrevista à Carta Capital, o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, destacou que a política de reajuste da Petrobras, baseada na variação do câmbio do dólar e no preço do barril de petróleo no mercado internacional, resultou no aumento de 20% no valor dos combustíveis desde o começo deste ano. 

Crítico à política de Parente, Rangel também acusou o presidente da estatal de privilegiar o mercado financeiro em detrimento ao interesse público, inclusive com a redução de refinamento do petróleo. Segundo Rangel, a Petrobras tem condições de cobrir 90% da demanda nacional por produtos derivados do petróleo, mas por determinação política, cobre apenas 70%. 

"O brasileiro hoje paga o segundo maior valor da gasolina entre os países produtores de petróleo, atrás somente da Noruega. A estatal brasileira, na contramão de outras empresas semelhantes no mundo, caminha para se transformar em uma exportadora de óleo bruto e uma importadora de refinados, de derivados", falou Rangel à Carta Capital.

À Agência Brasil, o presidente da Petrobras destacou a situação atual vivida pela empresa, em comparação com o que atravessava há alguns anos. Ele apontou a redução do endividamento, atração de parceiros fortes. O executivo ressaltou ainda a redução de custos da empresa.

AGU e Petrobras pedem ilegalidade da paralisação
O TST deve receber nesta terça-feira o pedido de que a greve de petroleiro seja considerada ilegal, sob pena de multa de R$ 10 milhões por dia aos sindicatos responsáveis caso haja paralisação.

Para a AGU e a Petrobras, caso ocorra a greve, ela será abusiva, por ofender direitos fundamentais de toda a sociedade, e nula, por trazer reivindicações que não são de cunho trabalhista, mas político, como por exemplo o pedido da demissão de Parente.

O movimento dos petroleiros ocorre após nove dias de paralisação de caminhoneiros, que resultou em uma crise de abastecimento em diversas cidades brasileiras, sobretudo de combustíveis e alimentos. Segundo Rangel, o "calendário estava traçado e divulgado muito antes da paralisação dos caminhoneiros. A mobilização deles joga luz sobre um tema que está na nossa pauta desde o início. A greve de 72 horas estava marcada e seria feita em parceria com os eletricitários, dispostos a denunciar os riscos da privatização da Eletrobrás. Como o assunto saiu da agenda, os eletricitários decidiram suspender a paralisação". 

Ainda de acordo com Rangel, os petroleiros se afastam da movimentação dos caminhoneiros porque "é difícil identificar claramente as lideranças. Além disso, o movimento estava infiltrado por defensores da intervenção militar", falou. 

Com informações da Agência Brasil

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